Fotos: Arianne Lima
Chega ao fim neste domingo (19) a 23ª Parada Livre LGBT+ da Região Central, em Santa Maria. O evento iniciou na tarde de sábado (18), com uma programação composta por serviços diversos, praça de alimentação e atrações musicais e culturais na Gare.O tema deste ano foi “Envelhecer LGBT+: Antigas Vozes, Novos Orgulhos”, exigindo o direito à longevidade no país que mais mata pessoas LGBT+ no mundo.
– Tivemos dias maravilhosos com pessoas alegres e comprometidas com a nossa causa. Em um segundo momento, vivemos aquela marcha linda repleta de homens e mulheres trans. Foi maravilhoso – afirmou uma das organizadoras do evento, a produtora cultural Marquita Quevedo, 58 anos.

Marcha trans
Após uma primeira noite de muita música e acolhimento na Gare, o segundo dia de evento foi voltado a reflexão sobre o T de LGBT+. Por volta das 14h de ontem, homens e mulheres trans, autoridades e simpatizantes da causa se reuniram em frente à Câmara dos Vereadores de Santa Maria para dar início a 4ª Marcha Trans de Santa Maria. No local, conversando com o público estiveram a vice-prefeita Lúcia Madruga (Progressistas) e outras autoridades locais.
– É imprescindível e fundamental que haja esse respeito. A nossa participação neste processo é muito importante também para que possamos identificar o caminho das políticas públicas, que é onde nós, enquanto Executivo, devemos agir. Precisamos achar formas de garantir que todos os segmentos da sociedade sejam cuidados e atendidos – comenta a vice-prefeita.

Com o auxílio da Superintendência de Trânsito, o percurso pelas ruas do Distrito Criativo foi tomado pela música, discursos sobre respeito e orgulho e muitos aplausos. De um caminhão de som, ativistas apanhavam para o público, que observava com alegria pelas janelas dos prédios.

No chão, frente as bandeiras LGBT+, seguia a homenageada da marcha deste ano, a assessora parlamentar e santa-mariense Cilene Rossi, 55:
– O sentimento é de muita emoção pelo reconhecimento da minha trajetória de luta, vida e resiliência. Não tenho mais o que dizer. Estou muito feliz e agradecida.
Além de Cilene, a 4ª Marcha Trans de Santa Maria contou com outros dois apresentadores. Uma delas foi a professora de Educação Infantil Mauri De Abreu Severo, 34, que é Miss Trans Diversidade Manoel Viana 2025 e ficou em 4º lugar no Miss Trans Diversidade Rio Grande do Sul. Para ela, o convite para participar da ação é motivo de orgulho.
– Para mim, é uma grande honra estar representando a comunidade trans e também LGBT+ na cidade. Como professora, gosto de ensinar aos alunos sobre a importância da diversidade, do respeito e do quanto o mundo se torna melhor quando aceitamos as diferenças – afirma a Mauri.
Segurando a outra ponta da bandeira trans, estava o gerente administrativo Caio Machado Friedhein, 33. Em entrevista ao Diário, o santa-mariense comentou sobre a oportunidade:
– Eu fiquei muito realizado quando me convidaram, porque estou representando os homens trans. Até pouco tempo, eu estava sozinho aqui. Mas de repente, começaram a chegar outros homens e eu fiquei muito feliz. É uma mistura de sentimentos.

Público de outras regiões
A 23ª Parada Livre LGBT+ da Região Central reuniu participantes de Santa Maria e outras regiões do Estado. Esse é o caso de Sergia Lima, 57, que é coordenadora da sala Arco-Iris, vinculada a secretaria de Habitação e Ação Social de Itaqui. Ao Diário, ela falou sobre a importância da Parada Livre:
– É a primeira vez que eu participo da parada em Santa Maria e o meu desejo é compartilhar felicidade e amor com essa população. Esse evento é importantíssimo, porque é em oportunidades como essa que mostramos para a população as nossas reais lutas e o nosso espaço enquanto pessoas na sociedade. Só queremos a dignidade de sermos quem somos.
O funcionário público Célio Golin, 63, veio de Porto Alegre, uma das primeiras cidades a realizar a Parada Livre no Estado. Vice-coordenador da ONG Nuances, que foi responsável pelo feito em 1997, ele se impressionou com a força que o evento tem no interior do Rio Grande do Sul.
– Em 1997, tínhamos outro contexto político não só no Rio Grande do Sul, como no Brasil, com relação à população LGBT+. Hoje, vemos que o movimento cresceu. As paradas se espalharam e foram para o interior do Estado. Santa Maria foi uma das primeiras cidades (a realizar o evento), depois de Porto Alegre, tanto que já está na 23ª edição. E eu tive o prazer de fazer parte disso no início, ao lado da Marquita e de todo o pessoal. Então, estar participando hoje é reviver a memória – conclui Golin ao Diário.
